segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pulsão




Corto os pulsos da angustia, não deveria doer, no entanto os pulsos cortados são os meus. E quando sinto o liquido quente e vermelho se esvair dos pulsos, que agora percebo que são os pulsos da MINHA angustia, vejo que lagrimas saem dos meus olhos e é o meu coração que dispara! Em segundos depois não sinto mais o liquido, os olhos, o pulso, nem mesmo o coração.
Estou adormecida em um campo verde e límpido. Não possuo resquício de angustia nem vejo mais o pulso dela, nem as suas veias, nem o liquido que bombeava seu conteúdo entristecido para meu coração.
Eu senti medo? Não, apenas alívio. Foi rápido? Levei uma vida inteira para descobrir que não vivia, por que a angustia residia no meu corpo, precisava expulsá-la, então posso dizer que não foi rápido o processo de expulsão. E agora? Continuo a chorar, mas as lágrimas têm outro significado. Existem lágrimas de alegria, lágrimas de emoção, lágrimas como processo de crescimento. Hoje choro essas lágrimas.
Para viver, é preciso matar simbolicamente sentimentos que nos matam no real.