quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Precipício


... somente uma dor mais forte e aguda é capaz de nos fazer esquecer uma outra que há muito já nos incomodava.
Porém posso perceber como o que é realmente ruim, quando as duas dores se juntam e nos impossibilita de andar e viver normalmente.
As coisas são sempre tão mutáveis, que, quando mais peço para ficarem quietas, estáveis, simplesmente a mudança é inevitável, outros dias a gente pede para tudo mudar logo, no entanto não dominamos os mutabilidade acontecimentos nem o tempo.
Isso é idêntico aos sentimentos, porque a gente continua caminhando se sabemos que o precipício é o que nos espera?

... nosso problema é que somos esperançosos demais.


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Olhar


De repente dois olhares, não eram meios, eram fins que se iniciavam.

Ela na sua contínua desorientação e ele no seu entusiasmo corriqueiro. Nunca tinham se visto, já tinham se olhado em alguns momentos, mas nunca se viram de verdade.

Desde então ela o mirava continuamente, e ele timidamente correspondia, eram um o colírio para o outro. O vazio que os abraçava desapareceu, tudo que era azul claro e tedioso tornou-se um vermelho vivo e intenso. Algo nascia e os consumia, mas era bom, era enérgico, ardente, vivo, forte e que crescia...

Sendo que começou por apenas um descuido de dia, um momento, uma razão, tornando-se o fim pra solidão.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Demais para pedir

As desilusões são irrefutáveis!

É interessante quando vemos o mundo e as pessoas através de uma linda cortina, que, acaba deixando tudo mais colorido e florido. É mais interessante ainda, quando por engano ou enfado tiramos essa cortina e vemos tudo e todos tediosamente preto e branco, com passos mecânicos, e gentilezas de educação, nada é espontâneo. E a partir dessa visão assombrosa, lentamente colocamos a cortina no lugar e voltamos a enxergar através dela.

A vida é mais fácil quando existe esse véu que enconbre tudo de mais vazio que possuímos. Criamos ilusões para facilitar o cansaço das nossas frustrações, utilizamos um verdadeiro conto de fadas para enfeitar a rotina, adjetivamos positivamente o que pode nos deixar aterrorizados, são as variadas metodologias para deixar a vida mais suave e leve, e eu sei que seria pedir demais que nossas fantasias e ilusões se tornassem reais, pois a vida perderia o seu caráter de, verdadeiramente, Real.

As desilusões são irrefutáveis, pois já sabemos que esse é o único destino da nossa ilusão de cada dia.



A música? Representa muito bem esse meu momento.

sábado, 4 de setembro de 2010

Volta da sessão de Análise


Já esqueci praticamente tudo que ela me disse, o mais interessante é que não adianta pensar em uma seqüência de temas, porque minha boca me trai a todo o momento. De repente, um assunto que pensei em casa ser banal, norteia completamente a sessão. E os temas que pensei que não diria por enquanto, são os primeiros a serem ditos.
No entando, o mais desconcertante é que quando a sessão termina, eu fico desnorteada, ela se levanta e abre a porta e eu quero continuar ali, sentada, às vezes quero falar mais. Tem momentos que quando coloco o pé fora da sala, me vem em mente tudo que queria dizer.
Estou de novo na realidade massacrante do externo.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Anjos


Somos anjos protetores e protegidos de alguém, o esperado é que protejamos quem nos protege, mas se por acaso o nosso protegido falha conosco e não nos protege, então precisamos perdoá-lo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Universo de uma Anônima


Sob olhares diversos eu me desvio e desloco silenciosamente. É tenso pensar e querer o universo e ser uma anônima. Esse querer seria demais?



Sem pressões;
Sem impressões;
Sem correções.



Apenas eu e meu mundo recém conquistado...
Fazê-lo feliz e igualmente ser, porém gostaria de ser uma anônima para ele também.
Quem sabe a vida seria mais leve.



É cruel viver;
É difícil vencer;
É impossível se esconder.



E isso seria muito mais fácil com o anonimato, porém o conflito desconhecido, escondido, incógnito só não existe na ficção, não na vívida realidade da existência. Em que:




  • O universo é só uma etapa que ainda não experienciamos,

e


  • O anonimato é um desfarce que alguns tentam despir-se.


Imagem disponível em; http://sobsuspeitas.blogspot.com/2009_05_01_archive.html

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cotidiano


Marcar palavras, um espirro, um esbarro, um engodo... Uma velha canção, triste canção. Uma nova novela, um livro novo nas livrarias, pressa, um esbarro, resmungar. Supermercado lotado, comida rápida, o livro novo, a novela nova, sono. Dia novo, falta de ânimo, jovem musica velha no radio.
Rua, trânsito, cansaço, chuva, um espirro, um esbarro, um novo resmungo, um pedido de desculpa... Um olhar.
[...]
Um olhar, um olhar, e... Um olhar, uma lembrança. Um LIVRO e a lembrança, a NOVELA e a lembrança, um ESPIRRO e a lembrança, uma MÚSICA VELHA e a lembrança, a RUA e a lembrança, TRÂNSITO e a lembrança, CHUVA e a lembrança, o GUARDA-CHUVA e a lembrança. A LEMBRANÇA de um olhar, as LÁGRIMAS e a lembrança.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pulsão




Corto os pulsos da angustia, não deveria doer, no entanto os pulsos cortados são os meus. E quando sinto o liquido quente e vermelho se esvair dos pulsos, que agora percebo que são os pulsos da MINHA angustia, vejo que lagrimas saem dos meus olhos e é o meu coração que dispara! Em segundos depois não sinto mais o liquido, os olhos, o pulso, nem mesmo o coração.
Estou adormecida em um campo verde e límpido. Não possuo resquício de angustia nem vejo mais o pulso dela, nem as suas veias, nem o liquido que bombeava seu conteúdo entristecido para meu coração.
Eu senti medo? Não, apenas alívio. Foi rápido? Levei uma vida inteira para descobrir que não vivia, por que a angustia residia no meu corpo, precisava expulsá-la, então posso dizer que não foi rápido o processo de expulsão. E agora? Continuo a chorar, mas as lágrimas têm outro significado. Existem lágrimas de alegria, lágrimas de emoção, lágrimas como processo de crescimento. Hoje choro essas lágrimas.
Para viver, é preciso matar simbolicamente sentimentos que nos matam no real.

domingo, 14 de março de 2010

Princesinha


A pequena princesa está no topo do castelo em pequenino espaço que mal cabem suas pernas esticadas, chora incontidamente, o único espaço que lhe permite ter contato com a realidade externa é uma pequenina janela quase ao teto do quarto. E porque ela está presa? Não se sabe.
Os dias passam, e ao contrário do que narram as historias infantis e românticas, não há nenhuma trama armada para retirá-la do castelo que a aprisiona, então, por mais que não tenha forças e tenha medo, ela decide levanta-se, fraca ainda, consegue subir até a pequena janela e como não há espaço para de lá sair, então ela respira o ar mais intensamente que pode.
É o instante que se encontra com seu príncipe, tendo o último contato com o mais lívido momento de sanidade e tranqüilidade. Ela paira ainda no ar junto com seu príncipe, que se apresenta molecamente dizendo-lhe; “prazer meu nome é liberdade, estais pronta pra partir?”, desesperada ela consente e os dois saem juntos, não há mais preocupação, não há mais aperto nem sufoco, ela deixa a carcaça do seu corpo e sofrimento para traz, agora é apenas ela e o seu príncipe Liberdade caminhando juntos, apenas...

domingo, 7 de março de 2010

Cativando Questões



Somos responsáveis pelo que cativamos? Mas se o que cativamos não é cativado com a intenção que deveras possuímos? E se o objeto cativado se deixar cativar por qualquer atitude apenas com o intuito de nos colocar a responsabilidade de tê-lo cativado?
Uma outra questão não sai da minha cabeça. Porque sentimos dificuldade em cativar o objeto de desejo de “cativação”?

Ou seja, porque quase nunca conseguimos o objeto desejado? E quando esse objeto é conseguido queremos substituí-lo? Quando ainda não o temos, ele é belo, forte, perfeito, ausente de qualquer falha ou ponto fraco (que quando vemos uma falha, automaticamente, a transformamos em ponto forte).
Um dia me disseram que só conhecemos uma pessoa quando passamos a conviver com ela, mas na realidade, dizemos que a conhecemos como desculpa de, implicitamente, afirmar que não estamos mais tão interessados por que já passamos a possuí-la.

A posse mata a coisa, o cativar mata o livre arbítrio e o objeto inalcançável nos motiva a permanecer vivos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Poemas


Não escrevo mais poemas
Acho que perdi a leveza e a sutileza em criar versos
Falar de sentimentos e em rimas expor meus pensamentos

Não escrevo mais poemas
Aqueles de amor, paixão, principalmente pra expor minha emoção
Procuro não mais ter tantos dilemas

Não escrevo mais poemas
Eles sempre me faziam refletir quando meus versos eram bons ou ruins
Ou quando o que eu queria era dizer meus problemas

Não, eu não escrevo mais poemas
É um triste fim de uma poetiza, quem sabe
Mas meus poemas nunca disseram nada
Eu apenas os via com desabafos de situações de cansaço

Não, poemas, não
Todos os dias eu olhos velhas anotações e percebo que eu sinto falta
Mas já disse que não escrevo poemas
E o que faço agora?

Bem... Acho que voltei a escrever poemas
Olhei a janela e vi que posso voltar a tentar interpretar meus pensamentos
Nunca estive tão disposta a realizar essa velha proposta

Sim, eu tenho uma completa certeza agora
Eu voltei a escreve poemas.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Noite


Noite

[...]

Quando as luzes se apagam ocorre um misto confuso de histeria, ansiedade, inquietação e paz.

Eu disse que era confuso!
Sinto-me tranquila e amedrontada, porque é confortável estar em casa ao lado de pessoas confiavés e afáveis, mas é amedrontador o mundo lá fora. Temos que vencer não só os nossos obstáculos internos, mas saber conviver com os males da atualidade tais como: a violência, miséria, sofrimentos de toda natureza. Só me pergunto porque esses pensamentos me invadem apenas durante as noites. Será que eram necessários para incrementar meus sonhos? Sonhos estes que ,consequentemente, são angustiantes com traços apaziguadores.
Atualmente sonhar tem sido uma luta, prefiro manter-me acordada, com pés firmes, mesmo que não seja em solo de realidade desconfortável.