terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A "cura" para a dor

A indústria farmacêutica promete a felicidade sem barreiras, como diz Birman (2003):

Para os ferrados que não conseguem dizer “cheguei” de peito inflado, a fórmula mágica é a alquimia, para mudar a circulação dos humores. É preciso dar uma pancada na bílis negra, nos dizem os novos especialistas da alma sofrente. Assim seria possível, acreditam aqueles, retirar as individualidades do cenário dark e inseri-los na cena colorida da representação e do espetáculo. Como os humores são essências eternas e universais destituídas de história e memória, basta a incidência de certas dosagens alquímicas para balançar a economia dos humores para outros pontos de equilíbrio. Enfim, o caldeirão científico da feiticeira pode tudo regular de maneira funcional e pontual, ajustando os desequilíbrios humorais.

Infelizmente, o efeito não é eterno, o que ocorre é que depois não se saberá conviver com as dores e frustrações sem "tomar alguma coisa" pra amenizar o mal-estar.
Nesse sentido, quando se pensa que foi encontrada a cura dos problemas do modo mais fácil, na realidade só se posterga sua vivência e se enfraquece por não saber lidar com ela.

2 comentários:

  1. O meu cotidiano é administrar esses "entorpecentes da alma". Todos os dias me deparo com pessoas incapazes de sobreviver sem essas drogas. Fracas? Não sei. O que sei é que os profissionais responsáveis pela única maneira (pelo menos legalmente falando) de aquisição desses fármacos, representada na forma de um receituário de controle especial, estão a se lixar para o bem estar espiritual dessas pessoas; visam seu compensador subsídio mensal.
    Sempre que surge uma situação oportuna, sutilmente dou um toque para algumas pessoas a respeito da dependência a que estão ou podem ficar submetidas.
    Infelizmente meu labor não permite que diga com todas as palavras: "Procure praticar qualquer atividade que preencha seu corpo e seu espirito, liberte-se!"

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  2. Situação difícil essa sua, ver a que há possibilidade, mas o comodismo impede que as pessoas deem seus passos e construam suas próprias jornadas.
    Preferem caminhar estimuladas por pilulas e comprimidos que tem efeito momentâneo... as pessoas estão cada vez mais momentâneas, pensam a curto prazo e querem resolver sua vida inteira de uma vez só.

    Fico feliz que vc passe essas dicas, alguém que realmente se interessar em modificar/melhorar sua jornada (impondo força própria), essa pode ser a saída que não viam.

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