É muito desagradável se pegar numa recordação constrangedora
(e eu sou especialista em ter esse tipo de lembrança), a impressão (pelo menos
eu tenho muito disso) é de que estou revivendo a vergonha e não consigo
controlar, seja físico ou afetivamente as sensações, por isso às vezes eu fico
a inclinar os ombros para baixo ou meu rosto paralisa, com uma leve mordida dos
lábios, como se estivesse tentando manter contato com a realidade diante daquela
situação.

Quando estava cheia de amor pelas minhas falhas, eu senti
pena de mim mesma. Não por ter errado, mas por querer acertar sempre e por
achar anormal falhar. É um tipo de comando inconsciente/coletivo/impositivo/cultural
que diz que temos que acertar sempre, fazer bonito, ser sutil e vitoriosa. E
uma mulher gordinha que não se veste como no ultimo catálogo da moda e ainda se
dá ao luxo de tropeçar, cair, falhar na interação, escolher o cara errado, e
ainda, até hoje, não ter um cara ao lado(!) é a personificação do fracasso.
Quando que na realidade o bom mesmo é tentar fazer da nossa vida um livro cheio
de textos, imagens, lembretes e mensagens sobre nós e para nós mesmos. E quando
tudo isso acontecer se achar o máximo, mesmo que seja fazendo tudo diferente,
mesmo que seja o “errado” (quando esse errado é uma decisão própria, já está
valendo).
Eu vejo que não é possível acertar sempre, nem nunca. Na
realidade o que é acertar mesmo?
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